quarta-feira, 13 de maio de 2015

Eucaliptos ou Jequitibás?

   Há duas semanas precisei ler um livro para realizar um seminário na disciplina de História da Educação, a qual integrava o projeto ‘Universidade que lê’. Foram disponibilizadas 3 obras para que os alunos escolhessem e, conversando com meu grupo, optamos pela leitura de Rubem Alves. Fora a primeira oportunidade de mergulhar nos textos incríveis do autor, e me apaixonei instantaneamente.

   O livro em questão é “Conversas com quem gosta de ensinar” (1981) e como o título remete a obra é um diálogo com o Educador, e trás profundas reflexões ao abordar temas importantes como a formação do educador, a diferença entre o professor e o educador, o processo educacional e a qualidade total na educação. A leitura torna-se cada vez mais prazerosa pela abordagem de uma linguagem dinâmica e criativa, tornando o assunto mais interessante, e para isso utiliza histórias e até mesmo de fábulas para uma melhor compreensão do conteúdo.

   Não irei aprofundar os capítulos porque espero motivá-los a efetuar a leitura do livro no término dessa postagem - sobretudo aos profissionais que pertencem a essa área, seja a pouco ou muito tempo. Porém, quero deixar registrado uma das mensagens que mais me chamou atenção e que julgo uma das mais relevantes. Já no início Rubem enfatiza: “professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.” 

   Daí surge a comparação sobre Professor e Educador. Sob sua ótica professores são como eucaliptos”: há em abundância, são funcionários imersos em uma sociedade capitalista, com uma finalidade meramente comercial em criar indivíduos aptos a exercer funções no mercado de trabalho, e assim, contribuir para a produtividade do país. Apenas “dá a aula” ao aluno, deixando-o como elemento secundário no processo de ensino, dificultando a construção de uma aprendizagem mais significativa. Por outro lado “educadores são como jequitibás”: belos e raros; definidos por suas paixões, sonhos e esperanças, possuem uma maneira especial de compartilhar os conhecimentos, exercem a afetividade, buscam compreender o “por quê” de certos impasses que surgem eventualmente, despertam o interesse de aprender e criam situações para que o aluno seja ativo na construção do seu conhecimento, tornando-o significativo.

   Logo, temos a perspectiva que educar não é uma tarefa simples, tampouco fácil.  Requer acreditar na educação e lutar contra as inúmeras adversidades, manter as convicções e o mais importante: ter esperança que o pouco ou muito que temos em mãos é fundamental para a formação pessoal e social de cada um de nossos alunos.


   Por fim, quando lhe indagarem “o que você é” (remetendo a profissão), não responda automaticamente.. pare; reflita: Eucalipto ou Jequitibá? 




"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses." Rubem Alves

3 comentários:

  1. Você com certeza será um jequitibá! Belo texto, parabéns ♥♥♥

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    1. Obrigada minha linda! Sei que você também será um Jequitibá, e fará diferença na vida de muitos alunos! ♥

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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